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sábado, 30 de outubro de 2010

A moça que não se reconhecia.

Então parei para olhar a moça mais de perto.Ela se parecia com alguém conhecido,mas não conseguia me lembrar com quem.Olhei mais fundo nos seus olhos,eles brilhavam.Aquela garota era realmente espetacular,com uma beleza simplória tão singular,que poderia jurar que era cópia fajuta de uma revista chinfrinha.Mas só ela não percebia que tinha uma beleza reluzente e mais que isso,que poderia iluminar toda uma cidade se parasse com seu drama de novela mexicana.
Olhei mais fundo ainda e percebi que o brilho nos seus olhos eram na verdade lágrimas,e todo aquele sofrimento barato não se passava de amor não correspondido-sonhos fracassados-família em caos -falta de amigos-ter que aguentar tudo sóbria.Mas nada justificava vestir uma máscara de sofrimento e se mostrar aos outros como a coitadinha,afinal ninguém ali dava a mínima para ela ou para sua história deprimente.Ela não podia se dar ao luxo de desistir assim,era preciso lutar,lutar e lutar,mesmo que todas as lutas tenham sido perdidas por nocaute.
Cada vez se tornava mais aparente que ela era mais que uma conhecida,conseguia ler-lhe os olhos,como isso era possível?Sentia seu corpo pesar,as lágrimas quentes em contraste com uma pele extremamente fria,os ombros calejados tentando se desprender do corpo e o coração se despedaçar a cada batida.
Ela era eu.Não passava de uma imagem reflectida em um espelho de quinta categoria.Agora dei-me conta que eu sou eu e não posso dar-me ao direito de ser uma personagem secundária ou figurante de minha história.Se quiser posso ser tudo desde a vilã até a mocinha inocente,mas nesse momento estava sendo a vilã de mim mesma ,estava na hora de mudar minha história,hora de ser a minha escritora.E se não gostar do que escrever nessas páginas amareladas,vou lá apago e escrevo de novo até sair algo decente nesse livro chamado vida.




Escrito em 30/10/10 ás 01:03.

2 comentários:

Thaís Winck disse...

"Agora dei-me conta que eu sou eu e não posso dar-me ao direito de ser uma personagem secundária ou figurante de minha história"
lindo texto
me senti muito atraida por tuas palavras
beijos na alma


http://thaiswinck.blogspot.com/

Luiza Fritzen disse...

lutar sempre é algo realmente cansativo. me pergunto se é tão necessário tantas batalhas diárias. te desejo força e luz, beijos